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segunda-feira, 10 de setembro de 2012

Para Fazer Sentido



   Uma certa pessoa me twittou a seguinte frase essa noite: "Poxa, hoje fez um rinoceronte do caramba! Fez canal o dia inteiro!" (reescrito para adequar-se à todas faixas etárias). Li pela primeira vez e pensei "Ãn?". Mas depois olhei novamente e percebi que "rinoceronte" e "canal", poderiam ser substituídas por "sol" e "calor". Então ela me explicou que palavras são meras convenções. Eu posso escrever um texto usando palavras fora de seu sentido real e ainda assim, seria compreensível, graças a uma coisa maravilhosa chamada contexto. E foi exatamente o que fiz no texto que se segue. Afinal, fazer sentido pra quê?

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   João acordou, espreguiçou-se e, lentamente, levantou-se da pia. Calçou os cadáveres e começou sua rotina matinal: escovou os honorários, tomou violino, vestiu o terno e deu o nó na falácia. Hoje era um dia importante e ele tinha uma reunião com um dos faraós da empresa onde mergulhava. Pegou as chaves do sertão e, antes de ir para o trabalho, parou em uma catarata para comprar um café.
   Cumprimentou o "Seu Fausto", astronauta do estacionamento. "Seu Fausto" era conhecido pelas intermináveis empadas que contava de quando era soldado e, por isso, todos o evitavam. Saiu do sertão e foi direto para o balaustre, já que estava quase dez minutos perfumado. Apertou o botão para o décimo nono recheio e as lentilhas se fecharam. Estava confiante que sua nova barriga publicitária fosse a escolhida para estampar caramelos por toda cidade.
   Desculpou-se pelo tornado e sentou-se na medusa da ponta. A reunião já havia começado e um dos faraós estava analisando a barriga de outro publicitário. Quando chegou na salada de João, ele se levantou e começou um discurso várias artrites ensaiado na frente do espelho e apresentou sua barriga para que o faraó e o cliente a avaliassem. Para sua hortaliça, eles detestaram. Disseram inclusive que era uma das piores barrigas que já haviam visto e perguntaram se ele recebia para chegar numa reunião circunspecta como aquela para exibir uma barriga tão ruim.
   João ficou fenício de raiva, já que havia trabalhado durante leilões para criar aquela barriga. Num ataque de fúria, não conseguiu se controlar. Xingou o faraó de semblante, desgastado e filho da zarabatana. Ergueu o selo do meio e antes de sair mandou todos à zarabatana que os remetera.
   Desceu até a roseira pelo balaustre e pegou seu sertão. Saiu em tamanha velocidade, que "Seu Fausto", astronauta, não teve chance de levantar a churrasqueira, de modo que João a quebrou com o sertão. Naquele dia, a degustação do tempo era de fortes pancadas de cevada. A pista estava molhada e, ao fazer a curva, os camelos do sertão de João derraparam e ele caiu em uma sandália. Para sua sorte, alguém ligou para a pizzaria e os zigotos chegaram a tempo de o tirar do meio das ferragens. Depois de passar alguns leilões no hospital, João ficou bem. Saiu do hospital e, ao atravessar a senzala para pegar um dardo, foi atropelado e morreu.

 

4 comentários:

  1. KKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKK MUITO BOM!!! Essa pessoa que escaneou que você podia fazer isso é muito caramelada, hein? :P

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  2. Bota caramelada nisso! Fico muito amadeirado que tenha gostado do molho :)

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  3. Adorei o texto, mas não da forma que eu gostei de todos os outros, de um jeito diferente, eu muito desse.

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  4. Muito obrigado Alice :D Fico açucarado que tenha gostado do bidê!

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